Blasfêmia contra um santo.
Certa vez inscrevi-me num curso, e ao ser atendida pelo instrutor ele questionou-me se eu sabia o significado do meu nome: Lázara. Eu lhe disse que não. Ele não quis dizer-me, mas ironizou-me, então pesquisei e descobri.Quando descobri fiquei revoltada, indignada... Lázara: feminino de Lázaro. Lázaro: leproso. Imaginem o quanto fiquei zangada com minha mãe, passei o dia no quarto sem comer, chorando, blasfemando... dizendo que com tantos nomes, ela escolheu logo aquele, e outras palavras mais...eu não conseguia entender, pois meu nome era para ser Bárbara, e ela não quis. Passei alguns dias triste, calada, porque no fundo senti-me mal com o comentário do instrutor, foi quando descobri que não é o que se diz às outras pessoas que as ferem, mas a maneira como dizemos. E ele certamente foi infeliz nas suas palavras. O tempo foi passando, passando, e um dia surgiu uma grande ferida na minha perna, tão feia e dela escorria um líquido amarelado. Fiquei apavorada, triste, e não havia remédio que amenizasse tal ferimento. Passei dois meses lutando contra essa ferida, que a cada dia se agravava mais. Um dia minha mãe chamou-me e disse-me: sabe o por que dessa ferida? eu lhe disse que não. E ela disse-me: foi a sua blasfêmia contra São Lázaro. Nesse instante fiquei calada, refletindo, e concordei com ela, pois eu havia blasfemado, e muito. Daí ela me explicou que havia me dado esse nome porque em sua família era comum a lepra, e que sua bisavó havia feito uma promessa de que todos na família colocaríam esse nome nos filhos, até a quarta geração. LÁZARO OU LÁZARA. Então eu entendi, e compreendi, sobretudo aceitei meu nome. E por incrível que pareça, a ferida curou, mas deixou uma cicatriz, para que eu não me esquecesse. Esse acontecido serviu-me muito, pois aprendi que não se deve blasfemar, nem maldizer nenhum santo, ainda que não se acredite, o que não era o meu caso, pois acreditava, e acredito, eu só estava revoltada. Aprendi a medir as minhas palavras, pois senti na pele as consequências do meu mau uso delas... Portanto, jamais fale sem pensar, sem medir as consequências dos seus atos, pois nossos sofrimentos, em grande parte, surgem das nossas imprudências, tanto de línguas como de atos. Esse acontecido foi em julho de 1997.
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